Quando The God of High School foi anunciado como anime, a comunidade otaku ficou em polvorosa. Afinal, não é todo dia que um dos webtoons mais populares da Coreia ganha adaptação por um dos estúdios mais quentes do momento — o poderoso MAPPA. Com uma mistura intensa de artes marciais, poderes sobrenaturais e referências mitológicas, essa obra chegou com tudo, mas será que entregou o que prometeu?
Hoje vamos mergulhar fundo nesse anime que promete (e às vezes exagera), explorando seus acertos, tropeços e o que o torna único no meio dos shounens de pancadaria desenfreada.
A origem coreana: o webtoon por trás do anime
Antes de chegar às telinhas, The God of High School nasceu como um webtoon criado por Yongje Park, publicado na plataforma LINE Webtoon em 2011. Rapidamente, a história ganhou destaque por sua arte estilizada e pelas lutas coreografadas com um nível de detalhe impressionante. O autor, claramente influenciado por animes e mangás japoneses, adicionou um tempero único da cultura coreana e mitologia oriental, o que ajudou a diferenciar a obra de outros shounens.

O protagonista, Jin Mori, é um típico adolescente invencível dos shounens: confiante, carismático, viciado em luta e com um segredo oculto sobre seu verdadeiro poder. Ele se junta a outros competidores — como o espadachim Daewi Han e a artista marcial Mira Yoo — em um torneio onde qualquer estilo de luta é permitido. Mas logo o trio descobre que o campeonato é apenas a superfície de algo muito mais profundo: um conflito envolvendo deuses, entidades místicas e uma organização secreta chamada NOX que quer reescrever a realidade.
A adaptação pela MAPPA: produção intensa e estilo visual ousado
O estúdio MAPPA assumiu a responsabilidade de transformar o webtoon em anime, lançando a série em 2020 com uma temporada de 13 episódios. E aqui, temos que tirar o chapéu: visualmente, The God of High School é um espetáculo. As lutas foram animadas com o uso de rotoscopia, uma técnica que captura movimentos reais para criar animações mais realistas e fluidas. O resultado? Coreografias de batalha impressionantes, com movimentações que lembram filmes de ação de artes marciais coreanos (como The Man from Nowhere ou Oldboy).
As cores são vibrantes, os efeitos visuais dos poderes são explosivos e o uso de câmera dinâmica durante as lutas cria uma sensação de imersão rara em animes do gênero. A trilha sonora também ajuda muito nesse aspecto: a abertura “Contradiction” da banda KSUKE já virou favorita de muita gente, e as batidas eletrônicas misturadas com rock dão uma energia perfeita para as batalhas caóticas.

Ação desenfreada: o ponto forte e o maior atrativo
Se tem algo que ninguém pode tirar do anime, é a excelência nas cenas de luta. Cada confronto parece coreografado por um mestre de artes marciais, com atenção aos estilos específicos de cada personagem — desde taekwondo até kung fu, passando por espadas ancestrais e invocações de criaturas divinas. É quase como assistir a um campeonato de lutas místicas onde tudo pode acontecer — e geralmente acontece.
As batalhas têm um ritmo frenético e brutal, com impactos bem representados e efeitos de câmera que intensificam a tensão. Algumas lutas são tão intensas que você se pega segurando a respiração, especialmente nas fases mais avançadas do torneio, quando os personagens começam a liberar seus “charyeok” — uma espécie de energia espiritual ligada a entidades lendárias ou deuses.
Por isso, se o que você procura é adrenalina pura, The God of High School entrega de sobra.
O problema do excesso de velocidade: onde o anime tropeça
Infelizmente, essa intensidade visual vem com um custo alto: o enredo sofre por falta de fôlego. Em apenas 13 episódios, o anime tenta adaptar mais de 100 capítulos do webtoon, comprimindo arcos narrativos, acelerando desenvolvimentos e cortando explicações essenciais. O resultado? Uma narrativa atropelada, onde personagens aparecem, somem e tomam decisões importantes sem que o espectador tenha tempo de se conectar com eles.
Personagens como Mira e Daewi, que têm histórias de fundo interessantes no webtoon, são tratados superficialmente no anime. Vários antagonistas surgem com poderes insanos, mas sem contexto ou desenvolvimento emocional. E mesmo eventos importantes, como traições, perdas e revelações de identidade, acontecem tão rapidamente que perdem o impacto emocional que poderiam ter.
Essa pressa também compromete a construção do universo da obra. A mitologia por trás dos “charyeok”, a origem dos deuses envolvidos e a filosofia da organização NOX são apenas mencionadas, mas raramente exploradas com profundidade. É o clássico caso de “muito conteúdo para pouco tempo de tela”.

Comparações e posicionamento no cenário shounen
Comparar The God of High School com outros títulos do gênero é inevitável. Em termos de animação de luta, ele compete de igual para igual com pesos pesados como Jujutsu Kaisen, Attack on Titan (também da MAPPA) e até Naruto Shippuden em seus momentos de clímax. A diferença é que esses animes equilibram melhor o desenvolvimento de personagens com a ação.
Outra comparação válida é com Tower of God, outro webtoon coreano adaptado para anime no mesmo período. Tower apostou em uma construção mais lenta e narrativa, enquanto God of High School mergulhou direto no caos. Dependendo do gosto do espectador, isso pode ser bom ou ruim.
Em resumo, The God of High School funciona muito bem como um “fast food otaku”: rápido, cheio de sabor e ótimo para quem quer ação imediata — mas talvez não satisfaça quem procura uma história mais densa e memorável.
Onde assistir The God of High School?
Para quem quiser conferir essa pancadaria mística de perto, o anime está disponível completo na Crunchyroll, com legendas em português. A plataforma foi uma das responsáveis por bancar a produção, então vale prestigiar por lá. Inclusive, se você curtir o anime, a dica é partir direto para o webtoon — onde a história continua e se aprofunda muito mais.
Conclusão: vale o play?
No final das contas, The God of High School é um anime que brilha intensamente… por pouco tempo. Ele entrega lutas de altíssimo nível, visuais incríveis e muita energia, mas sacrifica o desenvolvimento da história e dos personagens no processo.
Ainda assim, para quem ama animes de ação e quer algo diferente das fórmulas tradicionais japonesas, essa é uma experiência divertida, intensa e fora da curva. Só não vá esperando respostas profundas ou jornadas emocionais muito complexas — esse não é o foco aqui.
E aí, você curtiu?
Me conta aí nos comentários: o que achou de The God of High School? Preferiu o anime ou o webtoon? Que outro título coreano você acha que merece uma adaptação melhor? Bora conversar como bons nerds de arena!